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  • 29/11/2024

Inteligência Artificial do Carf promete reduzir tramitação de processos tributários de seis anos para um

Inteligência Artificial do Carf promete reduzir tramitação de processos tributários de seis anos para um



O Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) iniciará em dezembro a utilização de uma ferramenta de inteligência artificial, desenvolvida pelo Serpro, para otimizar o andamento de seus processos administrativos. Denominada Inteligência Artificial em Recursos Administrativos (IARA), a solução tem como objetivo transformar o trâmite de aproximadamente 75 mil recursos tributários em curso, que envolvem um montante estimado em R$ 950 bilhões. Com a implementação da tecnologia, o tempo médio de tramitação desses processos deve ser reduzido de seis anos para cerca de um ano.

A iniciativa foi apresentada durante o XXIX Congresso Internacional do CLAD sobre a Reforma do Estado e da Administração Pública, realizado em Brasília no dia 27 de novembro. Segundo o presidente do Carf, Carlos Higino, a adoção da IARA representa um avanço significativo no uso da inteligência artificial pelo setor público. “Embora não seja o sistema que lide com o maior volume de dados, trata-se de uma solução que agrega elevado valor, considerando a complexidade dos processos administrativos que analisamos”, explicou Higino. Ele também destacou a variabilidade dos pedidos e tributos que compõem os recursos analisados pelo conselho.

Funcionalidades da IARA
A tecnologia IARA foi projetada para automatizar diversas etapas do trâmite processual. Entre suas funcionalidades, estão:

Análise de requisitos: verifica o cumprimento de critérios necessários para a tramitação dos processos;
Classificação dos processos: organiza os pedidos de acordo com suas especificidades;
Elaboração de resumos: sintetiza as informações apresentadas;
Sugestão de decisões: com base em jurisprudências, compõe minutas que substituem tarefas anteriormente realizadas por assessores.
A solução introduz o conceito de “Administração Tributária 3.0”, que ultrapassa a mera digitalização ao agregar capacidade analítica. A IARA também interpreta relatórios, identifica alegações dos contribuintes, consulta jurisprudências relevantes e propõe encaminhamentos fundamentados.

Controle humano e perspectivas futuras
Embora a IARA ofereça sugestões de decisões, a palavra final permanecerá sob responsabilidade dos conselheiros do Carf. “A tecnologia auxilia o processo, mas não substitui o julgamento humano”, afirmou Carlos Higino. Em fases futuras, a ferramenta também poderá interagir diretamente com os contribuintes, facilitando a compreensão de termos jurídicos e orientando sobre direitos e obrigações.

Inicialmente, o sistema trabalhará com uma base de 500 mil julgamentos anteriores do Carf, além de súmulas do conselho e decisões de tribunais superiores, como o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Superior Tribunal de Justiça (STJ). Segundo Frederico de Alencar, coordenador de Gestão do Acervo de Processos do Carf, “a ferramenta não se limita à aplicação estática de normas, mas contextualiza cada pedido, identificando o tributo em questão, a legislação aplicável e a jurisprudência atualizada”.

Apresentação no Congresso do CLAD
A IARA foi apresentada durante o painel “Inteligência Artificial: da Teoria ao Concreto no Poder Público”, parte do XXIX Congresso Internacional do CLAD, realizado em Brasília entre os dias 26 e 29 de novembro de 2024. O evento reuniu especialistas e autoridades para debater iniciativas de modernização da gestão pública, com destaque para projetos que utilizam inteligência artificial.

O painel integrou a área temática de inovação e transformação digital, enfatizando como ferramentas tecnológicas podem tornar os processos públicos mais ágeis e eficientes. A introdução da IARA marca um passo relevante na evolução da administração tributária no Brasil, alinhando o setor público às práticas mais avançadas de gestão baseada em dados.

Fonte: Contábeis

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